IASD Americanópolis

A Verdadeira Liberdade

Gostaria de usar o Salmo 119:9, apenas a primeira parte do verso que diz – “De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho?” – para falar de liberdade.

Antes, porém, temos que contextualizar essa pergunta ao mundo em que vivemos. Um mundo globalizado, relativista, pós-moderno e secularizado, onde uma pergunta pode ter várias respostas e onde não existe verdade absoluta. Tudo depende do ponto de vista de quem responde. Assim, “guardar puro o seu caminho” poderia ser:

  • “Não importa de que lado você está (de Deus ou do diabo), use camisinha!”
  • “Faça sexo seguro: Transe num carro blindado.”
  • “Um pouco de álcool (vinho) faz bem ao coração.”
  • “Beba socialmente!”

Todas essas frases foram tiradas de outdoors no tempo em que a cidade de São Paulo estava repleta desse tipo de publicidade. Vocês percebem que podemos ouvir vários tipos de respostas racionalistas para a mesma pergunta?

Entretanto, com a Palavra de Deus não há relativismos e sim verdades absolutas. O próprio Salmo 119: 9, segunda parte do verso e o verso 11 respondem a essa pergunta sem margem para dúvidas. Jovem quer guardar puro o seu caminho? Não esquecendo que só os puros verão a Deus (Mateus 5:8). Guarde a Palavra de Deus em seu coração e ponto final! A essa altura você deve estar se perguntando o que isso tudo tem a ver com liberdade. Tenha um pouquinho mais de paciência e você verá!

Precisamos entender que somos produtos do meio em que vivemos de forma até mesmo inconsciente. Em outras palavras, mesmo não querendo, entramos com nossa mente relativista e por não termos respostas para tudo, inclusive na Bíblia, arrumamos um meio para justificar nossos atos e escolhas. Vejam só, existem partes da Bíblia que nos dizem explicitamente o que não devemos fazer: matar, roubar, adulterar, mentir e etc. Outras partes da Palavra de Deus deixam explicitamente claro o que devemos fazer: amar, ser puros, leais, bondosos, cortês e etc. O problema se encontra quando nos deparamos com as áreas “cinzentas” da Bíblia, que são aquelas que geralmente perguntamos se é pecado:

  • É pecado escutar certos gêneros musicais?
  • É pecado ir ao cinema com ambiente e filmes bons?
  • Se nos amamos porque não podemos nos conhecer melhor antes do casamento?
  • Ser mais “light” na guarda do sábado?
  • Usar uma roupa que está na moda? Enfim, é pecado?

Então, entram em cena algumas pessoas da igreja com uma lista enorme de nãos e outra bem menor de sins para dar solução à área cinzenta da Bíblia. Afinal, a Bíblia não deixa explicitamente claro o que devemos ou não fazer, por que não ajudá-la? Eu afirmo que essas listas de nãos e sins são a cruz pesada da juventude adventista, é o comportamento farisaico moderno. E esse tipo de atitude tem tirado a liberdade dos jovens da igreja. Eles se sentem escravos do sistema. Uma religião feita puramente de regras é um agente escravizador, ditador, que não combina com a “era dos questionamentos” em que vivemos. E é por isso que ao perguntarem “por que não?” e não encontrarem respostas, muitos jovens saem da igreja ou ficam nela com uma vida espiritual medíocre.

Em minha opinião, isso acontece por não entendermos o objetivo de Jesus quando veio a esse mundo. Em Lucas 19:10 Jesus dá o tom de Sua missão:

“Pois o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” E para buscar e salvar, algo que só Ele poderia fazer, Ele teve que suportar a miséria de viver nessa terra; foi odiado por muitos, incompreendido, teve de suportar a solidão e na hora mais dura da batalha, Seu grupo de discípulos O abandonou: um O entregou, outro O negou e um terceiro O seguiu de longe. Foi esmurrado, cuspido, usou uma coroa de espinhos, cravos nas mãos e pés; foi também crucificado. E o pior: a separação do Pai! Ellen White fala sobre essa separação no livro O Desejado de Todas as Nações, página 753: “Satanás torturava com cruéis tentações o coração de Jesus. O Salvador não podia enxergar para além dos portais do sepulcro. A esperança não Lhe apresentava Sua saída da sepultura como vencedor, nem Lhe falava da aceitação do sacrifício por parte do Pai. Temia que o pecado fosse tão ofensivo a Deus, que Sua separação houvesse de ser eterna. Cristo sentiu a angústia que há de experimentar o pecador quando não mais a misericórdia interceder pela raça culpada. Foi o sentimento do pecado, trazendo a ira divina sobre Ele, como substituto do homem, que tão amargo tornou o cálice que sorveu, e quebrantou o coração do Filho de Deus.”

Jesus fez tudo isso para nos resgatar da escravidão deste mundo. O interessante é que somos escravos e pensamos estar livres. Sabe por quê? Porque a pior espécie de escravidão é a do pecado, na qual a pessoa pensa ser livre, mas é uma marionete nas mãos de Satanás. A pessoa vai onde ela quer – até mesmo à Igreja! – mas da maneira que ele (diabo) quer! Pensando o que ele quer que ela pense!

O Senhor Jesus disse: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Todo o que comete pecado é escravo do pecado. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” João 8:32,34,36. Somente essa liberdade oferecida por Cristo será capaz de libertá-lo das influências de um mundo globalizado, relativista e secularizado. Em vez de perguntar: será que é pecado pôr esta roupa? Você deve perguntar: Sou escravo da moda? Jesus veio para te libertar da escravidão da moda, da TV, do cinema, da música que não edifica. É como se Ele dissesse: Eu morri para te libertar de uma mente perturbada. Enfim, Eu quero ver você livre da situação em que vive o mundo!

A mitologia grega faz alusão a um assaltante chamado Procrustes, que seqüestrava os viajantes que passavam por uma estrada de acesso à Atenas. O assaltante possuía duas camas, uma longa e outra curta; amarrando as pessoas de baixa estatura na cama longa, e as pessoas altas, na cama curta. Ele então esticava as pessoas de baixa estatura até atingirem o tamanho da cama longa, e cortava partes das pernas das pessoas altas para não excederem o comprimento da cama curta, provocando inevitavelmente a morte de todos.

Assim também muitos fazem com a Palavra de Deus, adaptando Seu conteúdo subjetivamente aos gostos e interesses pessoais. Lembre-se: ainda é possível um jovem guardar puro o seu caminho, basta guardar a Palavra de Deus em seu coração. Mas não guardá-la de qualquer forma. Temos que romper com os costumes anti-bíblicos da cultura que nos cerca para encontrarmos a verdadeira Liberdade!

por Pr. João Gomes